quinta-feira, 20 de março de 2014

PMs são condenados a 96 anos de prisão por massacre no Carandiru

Nesta quarta etapa, foram julgados os crimes que ocorreram no quarto andar do Pavilhão 9


Dez PMs do Grupo de Ação Tática Especial (Gate), entre eles o coronel reformado Wanderley Mascarenhas de Souza, um dos fundadores do batalhão de elite, foram condenados nesta quarta-feira, 19, pelos homicídios de oito presos no quarto andar do Pavilhão 9 do Carandiru, em outubro de 1992. Nove réus foram sentenciados a 96 anos de reclusão, mas um único réu, Silvio Nascimento, teve pena maior de 104 anos por maus antecedentes por causa de uma condenação. A defesa recorrerá da decisão e pedirá anulação do júri.
1992. Carros da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) entram na Casa de Detenção do Carandiru. - Mônica Zarattini/EstadãoOs policiais ouviram a sentença lida pelo juiz Rodrigo Tellini sentados na primeira fila da plateia e não esboçaram reação. Suas famílias foram orientadas a não comparecer. O advogado Celso Vendramini deu a notícia pessoalmente e contou que eles choraram e se abraçaram. Todos saíram pelos fundos para evitar a imprensa. Souza, que comandou a tropa no dia das 111 mortes na casa de detenção, ficou mais abalado, pois se sentia responsável pelos subordinados.
O coronel reformado também foi fundador do Esquadrão Antibombas da PM e é visto como uma das maiores autoridades em segurança pública do Estado, com livros publicados e doutorado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública. Mas, para a Promotoria, o réu entra no perfil de policiais "matadores" da década de 1980 e traz no currículo acusação de 34 assassinatos em serviço - todos absolvidos, segundo a defesa.
De acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), Souza é responsável, por exemplo, por 5 das 15 mortes em uma rebelião em São Paulo em 1982 e por outras 6 mortes de pessoas com doenças mentais em um motim em Franco da Rocha. Dos réus julgados ontem, apenas um não tinha histórico de homicídios.
FONTE: ESTADÃO 
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Julgamento. Os jurados ficaram reunidos na sala secreta por mais de três horas até o juiz Rodrigo Tellini ler a sentença. Eles também absolveram os acusados por duas mortes e pelos crimes de tentativa de homicídio contra três presos. Tellini determinou ainda a perda de cargo público dos acusados, quando terminarem os recursos.
O próximo e último julgamento do caso Carandiru está marcado para o dia 31 de março, em que 15 outros PMs respondem por 15 mortes no terceiro andar. A Promotoria se considera confiante para essa etapa. "Nos avaliamos de forma absolutamente positiva. O resultado é satisfatório em que pese a questão das tentativas (absolvição dos réus por três tentativas de homicídio)", disse o promotor Eduardo Olavo Canto.
O MPE concluiu que a ausência desses três sobreviventes prejudicou a condenação. Apenas um deles foi localizado, mas não compareceu ao júri. Vendramini, por sua vez, alega que houve cerceamento de defesa e acusa o juiz Tellini de ter sido parcial no processo. "Fui prejudicado na minha defesa. Está tudo consignado em ata. O tribunal vai ficar sabendo de tudo o que aconteceu."
Na primeira etapa do julgamento, em abril do ano passado, 23 policiais foram condenados a 156 anos de prisão pela morte de 13 detentos. Em agosto, na segunda etapa, 25 PMs foram condenados a 624 anos de reclusão pela morte de 52 presos. O terceiro julgamento, em fevereiro, foi adiado para o dia 31 de março depois que o advogado dos réus abandonou o plenário. Ele foi multado pelo juiz em R$ 50 mil por causa disso, mas vai recorrer da sanção.
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