A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, disse que a queda de 2,2% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no terceiro trimestre de 2013 em relação ao segundo "confirma a perda de dinamismo dos investimentos". A economista viu como destaque positivo a alta de 1% no consumo das famílias no terceiro trimestre ante o segundo e o avanço de 0,1% do PIB da indústria.
A alta de 1% no consumo das famílias, no 3º trimestre ante o 2º, e o avanço de 0,1% do PIB da indústria foram destaques no PIB do País FOTO: MIGUEL PORTELA
Thaís também destacou como surpresa negativa a praticamente estabilidade do PIB de serviços, que aumentou 0,1%, "resultado da estabilidade do comércio e da queda de 0,2% na intermediação financeira". Ela minimizou a baixa de 3,5% do PIB da agropecuária na margem. "Foi natural diante dos avanços registrados nos trimestres anteriores."
A economista espera uma recuperação do PIB no quarto trimestre, com alta de 0,8%. "Os primeiros dados divulgados de outubro e novembro fazem a gente ter uma expectativa melhor. A indústria, por exemplo, aponta para um resultado levemente positivo em outubro." A Rosenberg projeta alta de 2,5% do PIB no encerramento do ano.
Investimento é vilão
Os investimentos lideraram a parada geral no ritmo de crescimento da economia brasileira, quando o PIB é olhado pela ótica da demanda.
A taxa de investimento ficou em 19,1% do PIB no terceiro trimestre, ante 18,7% em igual período de 2012. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a taxa precisaria estar em 22% para a economia crescer 3,75%, informou Cláudio Frischtak, da Inter.B Consultoria.
Selic: fim do ciclo de aumento esperado
Rio e Londres O recuo de 0,5% no PIB brasileiro no 3º trimestre na comparação com o trimestre anterior endossa a pressão do setor produtivo sobre o Banco Central para que encerre o ciclo de aumento na taxa básica de juros, iniciado em abril. As últimas rodadas de altas, que devolveram os juros à casa dos dois dígitos com o intuito de conter a inflação, podem amornar ainda mais a atividade econômica num futuro próximo.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa básica de juros da economia em 0,5 ponto porcentual, para 10% ao ano, o 6º aumento consecutivo. "Os dados de fraco crescimento aumentam a pressão sobre o BC para que a instituição termine o ciclo de aumento das taxas de juros, apesar da permanência do problema de inflação", afirmou o economista para mercados emergentes da gestora britânica Schroders, Craig Botham. Como o efeito da elevação dos juros é defasado, a política monetária ainda não pode ser culpada pela queda no 3º trimestre. "A alta da Selic tem efeito um pouco mais demorado", explicou Rebeca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE.
No entanto, o impacto do ciclo de elevação nos juros já deve ser sentido no resultado do PIB do último trimestre de 2013, através da desaceleração no consumo das famílias, prevê André Guilherme Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos. "No 4º trimestre, o consumo das famílias deve ficar mais próximo de 0% do que de 1%, o que é uma boa notícia. Isso é desejado para controlar a inflação", disse. "Não dá para achar que vai controlar a inflação sem ter efeito no PIB. Tem que fazer uma opção", acrescentou.
Fonte: DN
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