A chegada do fim do ano abre a alta temporada de vendas nos supermercados com o pagamento do 13º salário e a corrida dos consumidores para garantir alimentos e bebidas para o Natal e o Ano Novo. O movimento intenso reforça o lucro dos varejistas e garante a abertura de novas vagas de trabalho no setor. Por outro lado, expõe os problemas de Saúde e Segurança no Trabalho que afetam durante o ano inteiro os operadores de checkout - também chamados de caixas - de supermercados, de hipermercados e do comércio atacadista no país.
Responsáveis pelo registro e cobrança das compras dos consumidores, esses trabalhadores pagam um preço alto para atuar na função, com agravos à saúde física e mental. O corpo sofre com os movimentos repetidos de digitação de códigos, movimentação de mercadorias, ensaque de itens e pesagem de frutas e verduras. Além disso, equipamentos inadequados também podem comprometer a ergonomia da atividade.
Para agravar a situação, em geral, os operadores precisam conviver com jornadas longas de trabalho e com a restrição a pausas. Na linha de frente do atendimento, eles também enfrentam a pressão com as filas de clientes, o risco de cometer erros e a necessidade de resolver pequenos problemas como o registro de preços diferentes dos anunciados na gôndola.
É um cenário que expõe a necessidade de um maior respeito às diretrizes do Anexo I da NR 17. Criado especialmente para esse tipo de serviço, ele ainda não é totalmente atendido, segundo especialistas ouvidos por Proteção, principalmente nos aspectos ligados à organização do trabalho. É a melhoria no planejamento da atuação das equipes de operadores um dos principais caminhos para preservar a sua saúde.
O movimento intenso esperado para os supermercados brasileiros nas próximas semanas mais uma vez deve escancarar os dilemas cotidianos dos operadores de checkout. Clientes insatisfeitos com o tempo de espera na fila do caixa e chefes pressionando por mais velocidade na execução do trabalho fazem da tensão uma das mais danosas características dessa tarefa.
Não faltam motivos a atormentar o operador, segundo a médica e auditora fiscal do Trabalho Renata Matsumoto, coordenadora do projeto de Ergonomia da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo. Afinal, é preciso manipular valores sob rigoroso controle de chefia e receber um cliente já impaciente depois de alguns minutos de fila.
E não é só isso. Como um canivete suíço supermercadista, esses trabalhadores também precisam memorizar procedimentos para pesagem de hortifruti e para execução dos diversos tipos de cobrança: cartão, dinheiro, cheque, ticket alimentação, entre outros. Além de verificar a ocorrência de pequenos furtos, lidar com diferenças de valores entre a gôndola e o caixa ou digitar o código de barras quando o leitor não funciona, entre outros contratempos rotineiros.
Como se não bastasse, o operador também é obrigado a receber pagamentos bancários dos mais diversos, como a venda de crédito para telefones celulares e outros serviços, o que também pode caracterizar desvio de função, na avaliação do secretário de saúde e segurança do trabalhador da Contracs/CUT, Domingos Braga Mota. "E ainda estão sujeitos a assaltos nas frentes de caixas devido ao aumento dos valores por eles recebidos", adverte Mota.
Premiações
O cenário de múltiplas demandas é agravado pela adoção, pelos varejistas, de mecanismos que premiam trabalhadores com base no número de mercadorias ou de compras registradas, de acordo com o procurador do Trabalho Ricardo José das Mercês Carneiro. "A medida termina por pressionar os trabalhadores a laborarem mais e não observarem as pausas durante a jornada de trabalho. Além disso, muitos empregados, para atingir os objetivos empresariais, se sentem na obrigação de realizar labor extraordinário", lamenta Carneiro (veja entrevista com ele na página 56 da Revista Proteção).
E não é só isso. Como um canivete suíço supermercadista, esses trabalhadores também precisam memorizar procedimentos para pesagem de hortifruti e para execução dos diversos tipos de cobrança: cartão, dinheiro, cheque, ticket alimentação, entre outros. Além de verificar a ocorrência de pequenos furtos, lidar com diferenças de valores entre a gôndola e o caixa ou digitar o código de barras quando o leitor não funciona, entre outros contratempos rotineiros.
Como se não bastasse, o operador também é obrigado a receber pagamentos bancários dos mais diversos, como a venda de crédito para telefones celulares e outros serviços, o que também pode caracterizar desvio de função, na avaliação do secretário de saúde e segurança do trabalhador da Contracs/CUT, Domingos Braga Mota. "E ainda estão sujeitos a assaltos nas frentes de caixas devido ao aumento dos valores por eles recebidos", adverte Mota.
Premiações
O cenário de múltiplas demandas é agravado pela adoção, pelos varejistas, de mecanismos que premiam trabalhadores com base no número de mercadorias ou de compras registradas, de acordo com o procurador do Trabalho Ricardo José das Mercês Carneiro. "A medida termina por pressionar os trabalhadores a laborarem mais e não observarem as pausas durante a jornada de trabalho. Além disso, muitos empregados, para atingir os objetivos empresariais, se sentem na obrigação de realizar labor extraordinário", lamenta Carneiro (veja entrevista com ele na página 56 da Revista Proteção).
Pressão
À pressão e ao acúmulo de tarefas, soma-se o fato de o caixa estar na linha de frente do atendimento ao cliente, tendo de lidar com eventuais insatisfações do consumidor com a fila no caixa e com falhas organizacionais que retardam o atendimento. Um exemplo disso é a ocorrência de diferença de preço entre a prateleira e o caixa, o que gera conflito entre o operador e o cliente. Quando isso ocorre, a solução também exige ainda mais tempo devido à falta de autonomia.
"Quando passa um produto errado, tem de chamar um supervisor de caixa para autorizar. Se a fila está grande e tem um erro, tem de chamar um supervisor também. É duro fisicamente, cognitivamente e emocionalmente. O operador está sempre sob pressão", comenta José Marçal Jackson Filho, pesquisador da Fundacentro.
Reportagem de João Guedes
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