"Produtividade alivia custo salarial na indústria"
As retrações consecutivas na ocupação e a tendência de menor crescimento da folha de pagamento real, reiteradas ontem na Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes) do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), sinalizam que a indústria está ajustando sua operação este ano. O custo da mão de obra ainda é uma pressão importante, dizem os analistas, mas tem sido aliviado recentemente por conta de ganhos na produtividade.
No acumulado nos sete primeiros meses deste ano, a produtividade cresceu 2,8% em relação ao mesmo período do ano passado, resultado de uma produção 2% maior obtida com 0,9% menos horas pagas. Pela primeira vez em muito tempo, a produtividade compensou o aumento com a folha de pagamento real, que também subiu 2,8% em igual comparação.
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Esse ajuste têm sido feito ao longo dos últimos meses. Nos 12 meses encerrados em julho de 2011, por exemplo, a produção e o número de horas pagas cresciam em patamares semelhantes - 2,8% e 2,7% -, em relação ao período anterior, praticamente sem ganho de produtividade, enquanto a folha de salários avançava 6,2% na mesma comparação. No mesmo mês de 2012, o setor mostrava perda de produtividade (menos 0,8%) e a folha de pagamento real continuava crescendo, 3,6%, sempre em doze meses. A pesquisa divulgada ontem pelo IBGE mostrou estabilidade no ritmo de alta dos salários (3,9%), em parte compensado pelo ganho de 1,8% na produtividade.
"O custo unitário do trabalho tem diminuído na comparação anual, mas ele continua pressionando", afirma Leandro Padulla, da MCM Consultores. Rogério Souza, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), ressalva que o ganho de produtividade tem se dado à custa da diminuição de horas pagas, que caíram 0,9% no ano em relação a 2012. "A indústria está fazendo mais com menos, é verdade, mas existem combinações melhores de aumento de produtividade. O ideal é quando a produção cresce em velocidade maior que o número de horas pagas, cenário em que não há redução do emprego".
Souza chama atenção para o comportamento do emprego industrial diante da produção e vê uma diferença no comportamento do setor. No acumulado dos sete primeiros meses de 2013, ante o mesmo intervalo de 2012, a produção avançou 2%, mas o emprego encolheu 0,8%. Em anos anteriores em que a economia brasileira passou por dificuldades, o cenário era diferente, e o setor preservou mais o emprego, apesar da produção mais fraca.
Em 2009 e 2012, exemplifica, a produção retraiu 7,4% e 2,7%, enquanto a ocupação cedeu 5,3% e 1,4%, respectivamente. Essa inversão - com o emprego agora mais desfavorável diante da produção - mostra que a indústria está mais frágil e é reflexo também do esforço das empresas no início do ano para manter sua mão de obra qualificada, mesmo com um cenário adverso, diante de perspectivas melhores de crescimento.
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