quinta-feira, 12 de setembro de 2013

No Diário do Nordeste:

"Indústria espera para confirmar tendência"


Com os segmentos mais representativos em alta, a indústria do CE deve seguir em crescimento e acima da média nacional
Apesar do resultado positivo da indústria cearense no primeiro semestre de 2013, com a maior participação na indústria nacional nos últimos 14 anos, de 1,92%, ainda será preciso esperar pelos próximos meses para saber se a tendência de alta terá seguimento, segundo o coordenador do Núcleo de Inteligência Industrial do Instituto de Desenvolvimento do Ceará (Indi), Carlos Manso. O resultado, comentou, foi um "alento para o período de estagnação".
"A expectativa é que essa tendência se confirme, mas é preciso esperar. A previsão é que o Estado cresça por volta de 3,5% e 4% ao ano - mais otimista que a média esperada para o Brasil, de 2,35%. Nesse cenário, a gente espera que a indústria não decresça novamente".
Com uma variação total na produção física da indústria extrativa e de transformação de 2,7% no período, as atividades que mais se destacaram foram: calçados e couro (21,5%); petróleo, derivados e álcool (19,1%); minerais não metálicos (9,5%; têxtil (8,7%) e metalurgia (8,3%). O resultado detalhado foi divulgado ontem pelo Indi. "Os setores industriais são bem diferentes e complexos. O que é bom para um pode ser ruim para o outro. Os mais voltados para o mercado interno não sofrem muito com o câmbio, mas os que exportam sim, por exemplo".

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Se a produção física total foi positiva, na indústria de máquinas e aparelhos elétricos foi negativa, de -71,9%. Carlos Manso explica que a alta variação ocorre por conta da base de comparação. "Como um determinado valor de base é baixo, qualquer alteração pode ser significativa".
Ele também explica que, como os setores mais relevantes do Estado se destacaram, a tendência foi positiva. "O Ceará tem concentração nesses segmentos e, quando eles vão bem, puxam a indústria e a economia", diz.
Segundo o diretor do Indi, Carlos Matos, o instituto está elaborando estudo para verificar os entraves na produtividade da indústria cearense. "A nossa produtividade é a metade da nacional. Já a produtividade do Brasil é um quarto da norte-americana", diz. O primeiro setor investigado foi vestuário e, conforme ele, já foi possível verificar como obstáculos a baixa escala de produção, pouca qualificação profissional e alta rotatividade.
Expectativa
De acordo com o gerente executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI),Flávio Castelo Branco, a atividade industrial vai colaborar mais com o resultado do Produto Interno Bruto neste ano do que em 2012. Ele avalia que a oscilação nos resultados da atividade do setor continuará nos próximos meses, inclusive com resultado positivo em agosto.
Emprego no setor tem 22ª taxa negativa . De setembro de 2011 - quando registrou a última taxa positiva em relação a igual mês do ano anterior - a julho deste ano, o emprego industrial acumula queda de 2,3%. O saldo foi calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a pedido do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, mas é referente ao comportamento do emprego mês a mês, sem ajuste sazonal.
Em julho, o mercado de trabalho na indústria registrou sua 22ª taxa negativa consecutiva (-0,8%) na comparação com o mesmo mês do ano anterior, como divulgou na manhã desta quarta-feira, 11, o IBGE.
Uma explicação plausível para a queda no emprego este ano, apesar de alguns espasmos de recuperação industrial, pode estar na estratégia de congelamento das vagas na fase mais aguda da crise no setor. Esta é a opinião do professor José Márcio Camargo, da PUC-Rio.
"As quedas em 2011 e no ano passado fazem sentido, porque a indústria também estava em queda. Mas uma hipótese para o que está acontecendo este ano é que a indústria, mesmo na crise, preferiu não demitir em massa. Manteve parte dos trabalhadores. Agora, com a expectativa de que não haverá crescimento suficiente, a indústria está demitindo, apesar das pequenas melhoras", comentou.
José Márcio Camargo lembra que, apesar disso, o salário real está crescendo mais que a produtividade. E, como a indústria é o setor mais formal da economia, embora não seja o maior empregador - classificação que cabe às atividades de serviços e comércio - o professor da PUC-Rio acredita que uma queda continuada no emprego industrial pode puxar para baixo a média salarial do trabalhador brasileiro.

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