MOTORISTAS DE ÔNIBUS FECHAM O TERMINAL DO PAPICU EM PROTESTO

A principal reivindicação da categoria é que os motoristas parem de exercer a dupla função em micro-ônibus

Os motoristas de ônibus da Capital fizeram uma paralisação, na manhã desta terça-feira (1º), e suspenderam por 1h as atividades no Terminal do Papicu. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro), a principal reivindicação da categoria é que os motoristas parem de exercer a dupla função em micro-ônibus, na qual dirigem e são trocadores do veículo. O sindicato dos motoristas estima que cerca de 80 coletivos ficaram parados durante o período.

A ação - decidida em assembleia entre os profissionais na última sexta-feira (28) - começou por volta das 9h40, quando os motoristas interromperam suas atividades e cruzaram os braços ao lado dos veículos dentro e nos arredores do terminal. Centenas de pessoas que esperavam os coletivos nas plataformas ficaram sem ter como chegar aos seus destinos. Os atrasos também foram verificados em vários pontos da Capital em decorrência da paralisação no Papicu. Por volta das 11h o protesto foi finalizado e o transporte começou a ser retomado no local.

Conforme Sérgio Barbosa, vice-presidente do Sintro, desde 2010 vários ofícios foram enviados ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) pedindo a negociação do trabalho dos motoristas que exercem a dupla função, mas nenhuma medida definitiva foi tomada pelo sindicato patronal.

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O vice-presidente afirmou que serão feitas paralisações rotineiras para alertar o Sindiônibus sobre a situação dos profissionais que conduzem os coletivos, mas não declarou quando e nem onde serão feitas. O sindicato estima que cerca de 400 profissionais exerçam a dupla-função na Capital.

Não foi registrada nenhuma avaria aos veículos e nenhum tipo de violência no Terminal.

Transtornos

A cozinheira Lucineide Alves, 52, apoiou a causa dos motoristas, mas reclamou da demora dos ônibus, que já estavam a mais de 2h longe do terminal, e da desinformação da paralisação por parte da população. "Estava indo tirar as carteirinhas de estudante das minhas filhas, mas agora não sei mais se vai dar certo por causa do atraso. Se tivessem avisado, nós teríamos pegado outra condução e eu não perderia a manhã inteira aqui", disse.

Já o estudante Matheus Bezerra, 19, morador da Praia do Futuro, não passou muito tempo nas plataformas do Terminal, mas esperou por mais de 1h pela chegada do ônibus na parada próximo a sua casa. "É ruim por causa da demora, mas a gente já está acostumado a esperar pelos ônibus aqui em Fortaleza", declarou.

Resposta

Em nota, o presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, declarou que "não há qualquer impedimento legal à realização de cobrança pelo motorista", já que é pago um percentual extra a esses profissionais.

"Em Fortaleza somente nos ônibus da categoria MINI e MIDI, que correspondem a cerca de 10% da frota total, o motorista realiza a cobrança de passagens", disse a nota oficial, que classificou como irresponsável a atitude do Sintro.

"Colocar um cobrador nesses veículos afetaria diretamente o valor da passagem do transporte público de Fortaleza, e isso nós não queremos", disse o diretor técnico da Etufor, Antônio Ferreira, sobre a paralisação da manhã desta terça.

O gestor declarou que a ação do Sintro foi radical e que a Prefeitura é sempre a favor de manter o valor da tarifa. "Nós vamos agendar uma reunião com o Sindiônibus e Sintro para discutirmos essa questão", disse Ferreira, afirmando que o assunto precisa ser tratado com "cuidado".