O projeto inicial de uma vacina desenvolvida pela USP contra o vírus HIV, testada em macacos, obteve surpreendentes resultados preliminares positivos, como afirmam os cientistas que conduziram os experimentos.
Susan Ribeiro, pesquisadora associada ao projeto, conta que os sinais foram "bem mais intensos" do que os encontrados em camundongos. "Testamos a resposta imune dos animais e os resultados foram excelentes", revela Edecio Cunha, que liderou os trabalhos de desenvolvimento da vacina.
Pesquisadores aplicaram separadamente três doses, por 15 dias, em quatro macacos-resos do Instituto Butantan. A surpresa dos cientistas se deu pelo fato de que normalmente a reação a essa modalidade de vacinação é menor em primatas do que em roedores.
Trata-se de uma vacina de DNA, na qual os cientistas "escrevem" nessa molécula trechos de genes que codificam pedaços de proteínas do vírus causador da Aids. Com a injeção de DNA no organismo, a ideia é que ele seja usado dentro das células para fabricar só essas miniproteínas (os chamados peptídeos), sem o vírus original.
Essas pequenas parcelas proteicas foram escolhidas baseadas em pacientes que têm resposta imune incomumente alta ao HIV. Estudos realizados desde 2001 chegaram a 18 peptídeos candidatos a produzir reação forte do sistema de defesa.
Testes feitos em camundongos modificados para ter imunologia similar a dos humanos apresentaram possibilidade de ensinar células responsáveis pela identificação de patógenos invasores a reconhecer esses peptídeos e atacá-los.
A ideia é que o sistema imunológico aprenda a reconhecer esse material rapidamente para que possa reagir a fim de destruí-lo. O mesmo acontecerá ao encontrar o HIV real.
Dessa forma, contorna-se um dos maiores desafios de combate a esse vírus, que costuma passar ileso pelo sistema imunológico, não sendo reconhecido como um invasor perigoso até que seja tarde demais. Como o HIV infecta precisamente as células de defesa, ele desativa o sistema que defende o organismo de infecções.
Redação SRZD
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