sexta-feira, 3 de maio de 2013

O decênio que mudou o Brasil

1. Apresentação 

O Brasil ingressou na segunda década do século 21 trilhando o
caminho próprio de importantes e significativas transformações que
em série não se apresentaram naturais e nem espontâneas. São
frutos de um conjunto nacional de vontades motivado pela sede
de prosperidade econômica e social, bem como do engajamento
militante e disciplinado de forças sociais, econômicas, políticas e
ideológicas sob a liderança do Partido dos Trabalhadores.
O longo intervalo regressivo das duas últimas décadas do
século 20 decorreu da exaustão do projeto de industrialização
e do declínio socioeconômico expresso pela capitulação ao
receituário neoliberal imposto pelo Consenso de Washington.
A subordinação nacional aos desejos dos grandes detentores de
riqueza financeira e dos grupos geradores de divisas internacionais
apequenou o país, interrompendo o longo e tortuoso processo
de construção do Estado nacional.
Os dez últimos anos mudaram o Brasil, permitindo reverter
a decadência induzida pela rota da neocolonização neoliberal.
O povo voltou a protagonizar mudanças, está altivo, recuperando
a autoestima. E o que é o país, sem o seu povo!
Atualmente o Brasil ocupa o sexto posto na produção
global de manufaturas e o segundo na exportação agrícola do

mundo. Até o final da década de 2010, o país deve se situar
entre as quatro maiores economias globais e ser o primeiro na
exportação agrícola do mundo.
Ao mesmo tempo, o avanço da mobilidade social fundada
na geração de empregos formais e nas políticas públicas de
proteção e promoção social torna a pobreza diminuta, com
cadente desigualdade na repartição da renda nacional jamais
vista em toda História nacional. Ainda para a década de 2010,
a perspectiva de superação da miséria e o rebaixamento dos
padrões de desigualdade para níveis civilizados deve se confirmar.
Ademais, a nação emerge próxima de completar três
décadas de regime democrático, o mais longo de toda História
política, como uma das maiores democracias do planeta, pronta
para não mais ser liderada. O Brasil de hoje já lidera um novo
projeto de desenvolvimento mundial, cujo movimento amplo em
torno da inclusão social se transforma na mola propulsora de
inédita base para o desenvolvimento econômico ambientalmente
sustentável.
Esta condição singular contrasta com o Brasil de 10 anos atrás.
Em 2000, por exemplo, o país ocupava a 12ª posição na produção
global de manufaturas e a sexta na exportação agrícola mundial. Vinte
anos antes chegou a ser o oitavo país na produção de manufatura,
embora mantivesse um a cada dois brasileiros na condição de pobreza
e um dos maiores índices de desigualdade de renda do planeta.
Mesmo com o avanço do regime democrático pós-1985, o
país permaneceu prisioneiro do estado crônico da semi estagnação
econômica, capaz de acorrentar inacreditavelmente 45 brasileiros
a cada 100 na condição de pobreza absoluta e manter os índices
de desigualdade entre os três mais altos do mundo em pleno
início do século 21.
Com 45% de taxa nacional de pobreza, a população na base
da pirâmide social permanecia irrelevante. Em grande medida,
porque o projeto de país liderado pelos governos neoliberais
teimava em continuar a liderança do atraso histórico, presente e
disposto a edificar o Brasil para uma reduzida parcela privilegiada
da população.
O influxo estabelecido pela Frente Democrática e Popular
vitoriosa desde as eleições de 2002 orquestrou uma nova maioria
política capaz de reverter prioridades e impulsionar o conjunto
de benfeitorias econômicas e sociais que colocaram o Brasil
diante do inovador e consistente projeto de nação para toda a
população. O decênio que mudou o Brasil a partir de 2003 se
sustenta por si só, embora se possa confrontá-lo com o passado
recente de falsa modernidade e exclusão imposto pela regressão
do projeto neoliberal.
A periodização dos dois distintos projetos de país recaiu,
como exemplo comparado com dados de realidade nas experiências
neoliberal e desenvolvimentista nos anos de 1995 – 2002 e de 2003
– 2012 por decorrência da melhor disponibilidade e sistematização
das séries de informações oficiais. Não se consideraram, portanto,
os anos de neoliberalismo anteriores a 1995, enquanto o período
posterior à 2010 de continuidade desenvolvimentista nem sempre
encontram-se todos os dados oficiais disponíveis e comparáveis.
As informações quantitativas aqui apresentadas foram
elaboradas propriamente através da sistematização dos dados
oficiais disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (Ibge), Banco Central do Brasil (Bacen) e Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipeadata).
Na sequência, trata-se de breve descrição a respeito da
distinção necessária dos propósitos circunscritos aos dois projetos
de nação que hegemonizaram no Brasil desde a retomada do
regime democrático na década de 1980. Assim, chega-se ao
decênio iniciado em 2003 que representa a sensível prosperidade
econômica e social, cuja recomposição da mobilidade no interior
da sociedade protagoniza uma fase de emergência da liderança do
Brasil no mundo.

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