Como me atenho ao debate político e esse sem dados não se sustenta, tenho de ouvir o que Marina propõe e avaliar suas propostas. Assim assisti a entrevista da candidata Marina Silva ao Jornal da Record. Ao vê, vem a questão proposta no título do post: Marina mente ou não conhece o país no qual disputa as eleições presidenciais?
O que Marina fala sobre o quadro econômico brasileiro e sobre a Petrobras briga com a realidade dos fatos e, infelizmente, no Jornal da Record nenhum dos jornalistas da bancada lhe questionaram sobre a veracidade ou não de suas acusações.
Agora, vamos analisar o que ela afirmou.
Marina diz que vivemos a beira de um abismo econômico, diz que estamos vivendo alta inflacionária e numa volta de 180 graus da velha Marina ex-petista para a neo Marina palatável até aos militares viúvos da ditadura, ela repete o discurso neoliberal de “autonomia do Banco Central. “Autonomia” que como bem argumentou Jorge Furtado significa:
tirar do governante, eleito pelo nosso voto, o poder de guiar o desenvolvimento segundo critérios sociais, protegendo o país do ataque de especuladores e garantindo renda e empregos, e entregar este poder ao tal mercado, hereditário e eleito por si mesmo, sempre predador e zeloso em garantir a sua parte antes de lamentar os danos sociais causados por seus lucros. (Ver Espanha, Grécia, EUA, Finlândia, etc.) Jorge Furtado.
A NeoMarina propõe o tripé macroeconômico dos neoliberais, a ponto de os próprios tucanos cobrarem autoria da política neoliberal pregada pela neoMarina. De acordo com o economista da campanha de Aécio que ironizou as metas econômicas do programa apresentado por Marina, o tripé com metas de inflação, superávit primário e câmbio flutuante foi apresentado por Armínio Fraga, o que torna as propostas de Marina meras cópias. Para quem não sabe, Armínio Fraga foi o ex-presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso e durante a campanha Aécio o anunciou como provável ministro da Fazenda.
— Quando olho o programa de Marina, está lá: vamos fazer o que Armínio Fraga já fez. E como Armínio Fraga está na nossa equipe, fico com o original. Mansueto Almeida, economista da campanha tucana de Aécio Neves
Agora vamos aos dados da realidade, que sequer a mídia concentrada, monopolizada e declaradamente anti-Dilma e anti-PT pode esconder, embora nunca anuncie em suas capas ou em seus longos editoriais do Jornal Nacional:
Cadê o caos anunciado por Marina, num país que vive pleno emprego, com inflação em junho 0,1%?
Além disso Marina no melhor estilo de ventríloquo tucano faz acusações ao governo Dilma, ao PT e até mesmo Lula que poderiam bem estar na boca de Álvaro Dias, mas elas também não se sustentam. Por exemplo, Marina diz que a Petrobras está a beira da falência e que isso se deve à corrupção do PT. Ou Marina não conhece a Petrobrás ou mente deliberadamente. Primeiro, porque o governo petista contra toda a mídia monopolizada e a oposição reacionária apostou no Pré-Sal (riqueza aliás que Marina sinaliza privatizar e que desmente quando é confrontada) e em nenhum momento da fala de Marina ela lembra por exemplo, do afundamento da Plataforma P37 ou da luta dos petroleiros que enfrentaram a sanha privatista de FHC, chegando em 1995 a ocuparem as refinarias por 35 dias seguidos, mesmo sob a ameça do exército invadi-las.
Dilma lembrou da Plataforma P37 e o prejuízo dado de 1,5 bi na entrevista ontem do Estadão:
A neoMarina malandramente se esquece de que o delator tem contratos com a Globo, malandramente repete em suas acusações a capa da Veja, capa manjadíssima com seucostumeiro assassinato de reputações e foge da questão sobre as relações perigosas entre o delator e Eduardo Campos. Ao menos nesta os entrevistadores da Record a confrontaram sobre o uso de dois pesos e duas medidas no caso no novo ‘escândalo’ da Petrobras.
Em suas acusações a Dilma, Marina sequer considerou o fato que o delator premiado não foi escolha de Lula ou Dilma, pois o corrupto é funcionário de carreira da Petrobras desde os tempos da Ditadura Militar, desde 1978!
A Neomarina se esquece de sua própria trajetória quando no PT votou junto com seu partido contra medidas neoliberalizantes de FHC em relação à Petrobras como a quebra do monopólio estatal e o modelo de concessão para exploração de petróleo e a reforma administrativa, que cortou benefícios de servidores públicos.
Mas o que mais espanta é o desconhecimento de Marina sobre a Petrobras, como uma candidata à presidência pode dizer no horário nobre que a Petrobras está a beira da insolvência sendo a 9a empresa do mundo, a terceira maior em reserva, a ÚNICA de todas as 10 maiores petroleiras do mundo a aumentar a sua produção em 2013?
Como uma candidata a presidência da República pode dizer que a Petrobras que suplantou a Ambev e ocupa hoje a primeira empresa da América Latina e cujas ações preferenciais já acumularam alta de 23% em 2014?
Como uma candidata à presidência da República pode dizer que a Petrobras está a beira de falir se até 2018 ela terá 20 novas plataformas?
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