Capitão Wagner manda nota para o Blog do Eliomar em resposta a artigo de Adísia Sá
O vereador Capitão Wagner manda para o Blog nota, em tom de resposta, a artigo da jornalista e professora Adísia Sá veiculado no O POVO de terça-feira e aqui reproduzido. Adísia, entre várias questões, abordou o fato do vereador destacar a patente e, ao propor diálogo ao governador, usar expressões que soariam como ameaças. Confira:
Prezada professora Adísia,
Sinto-me honrado por estar em foco num espaço de visibilidade como permitem seus artigos. Sinto-me aliviado por ter a certeza de que, com seu histórico em defesa da ética e da apuração referenciais para o jornalismo cearense, tenho a oportunidade de dialogar sobre as ideias relacionadas a mim – enquanto em outros locais isso ainda não é possível.
Em primeiro lugar, sou Capitão Wagner como o são os médicos Dr. Adelmo (vereador) e Dr Hugo (deputado estadual), professor Evaldo (vereador) e até mesmo como a senhora é conhecida professora Adísia Sá (jornalista). Enfim: tão normal ou tão estranho quanto me chamar de Capitão, haja vista que minha base são os profissionais de segurança pública, além de ser o 9º parlamentar militar eleito na Câmara Municipal. Sou ciente da memória que militar remete à história: mas meu perfil é exatamente o contrário, pois fui eleito democraticamente e enfrento diariamente a ditadura às avessas: a falta de diálogo do poder público no Estado Democrático de Direito com os militares.
Não tive a intenção de ameaçar o governador a abrir o diálogo. O texto enviado à senhora deixa claro. O verbo foi aconselhar. Até a paralisação 2011/2012, professora, o governo estadual nunca recebeu as reivindicações da tropa, mesmo com os pedidos formais e verbais das associações militares. À época, apresentamos um plano com repercussão financeira elaborada por economistas mostrando que era possível conceder reajustes sem ferir as contas do governo, denunciamos a carga horária escravocrata de 96h seguidas de policiais no interior, detalhamos inúmeras vezes as situações que revelavam o nível de insatisfação da tropa. Ainda assim, fomos e continuamos a ser tratados como seres que só têm a obrigação de reprimir, mas não o direito de se expressar.
Após a greve, como um item do Termo de Compromisso, o governo teve que discutir as demandas da categoria. De março de 2012 a maio de 2013, só fomos recebidos três vezes pelos secretários estaduais de planejamento e da fazenda. Desde então, professora, nada mais do que já havia concedido para o término da paralisação. Permita-me detalhar ainda que após uma reunião realizada no dia 03 de janeiro para apresentarmos aos policiais e aos bombeiros militares o que foi atendido ou não pelo governo estadual, abriu-se uma caça às bruxas: temos 44 policiais militares à beira da expulsão por participar de uma reunião informativa – não por cometimento de qualquer crime; 21 bombeiros adentraram na mesma tortura psicológica desde semana passada: estão fora das ruas, à disposição da Controladoria dos Órgãos de Segurança Pública, correndo o risco de perder o emprego não porque contestou o governador, mas porque exigiu o direito de ter melhores condições de trabalho. Para completar, professora, apenas semana passada, foram transferidos sem qualquer justificativa legal mais de 100 policiais para regiões extremas do Ceará quando o número de homicídios na Capital não para de crescer. Coincidência ou não, pessoas engajadas na modernização da Polícia Militar.
O release enviado ao seu e-mail carrega o grito da opressão e, sem o desejo de provocar uma nova greve, busca esse diálogo, salutar para a tropa, mas prova talvez de fragilidade do sistema de segurança atual – que já virou consenso. Domingo, mais uma vez, foi proposta para o governador a conversa. E o que veio? Ameaça de voz de prisão a mim. Hoje, o governo anunciou o fim das reuniões paritárias sem qualquer justificativa. Se olharmos bem, a ameaça aberta e pública não foi feita pelo Capitão Wagner, Vereador Wagner, Wagner Sousa Gomes ou HTWS, como sou, de fato, chamado pela tropa.
Pela via do diálogo, governador Cid Gomes se mostra irredutível. Pela via da greve, o discurso se volta contra os militares. Pela via do conformismo, é uma afronta ao que entendo por democracia. Não ouvir, não falar com a sociedade resultam na insegurança que estamos vivendo. E isso não é alerta, ameaça ou coisa semelhante: é a constatação de que quando os gestores não se dinamizam com a velocidade da sociedade, os erros históricos se repetem. E, no contexto dos trabalhadores da segurança pública, depende do governador tempos de valorização para melhorar ou perseguição para inflamar o estopim de insatisfação.
Mantenho-me à disposição para dialogar com a senhora, com qualquer cidadão.
Cordial abraço,
* Vereador Capitão Wagner (PR).
FONTE: JORNAL O POVO
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