sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A TIMIDEZ COBRA SEU PREÇO NA GASOLINA

Um reajuste de 3% da gasolina nas refinarias é, em matéria de impacto sobre os preços, igual a nada.
gasolinaAs variações de preço entre os postos por razões comerciais são imensamente superiores a isso.
E muito.
Aqui, no Rio, no levantamento semanal da ANP, por exemplo, dois postos de mesma bandeira (Ipiranga) tinham preços, por litro de R$ 2,85 e R$ 3,50.
Diferença de 22,8%, portanto.
Mesmo repassado integralmente no posto mais barato (supondo que é este o que pratica as menores margens) isso significaria passar para R$ 2,93.
Ainda assim, 17% menor que o maior preço praticado, sem reajuste algum.
Pelo mesmo produto, saído das mesmas refinarias e vendido ao mesmo preço às distribuidoras.
Tudo isso, em tese.
Para a Petrobras, significa muito menos do que representa a queda de preços internacionais do petróleo, que acumula uma baixa de perto de 30% em relação aos mais de 100 dólares que custava há quatro meses,
Mesmo com os 15% de valorização do  dólar desde então.
E por que o governo sofrerá, então, o desgaste político deste reajuste?
Por dois fatores, essencialmente.
O primeiro, a adesão mental às regras do neoliberalismo, onde preços administrados – com definição direta pelo governo – se assemelhariam a contratos, com reajustes anuais, o que é uma tolice quando se trara de preços atrelados a oscilações cambiais ou sazonais.

Três aumentos de 1% ao longo do ano representariam mais que este, agora.
Segundo, uma incapacidade de mostrar , através da comunicação, que o preço do combustível barateou demais e demonstrar que isso cobra um preço, inclusive em consumo de combustível, pela ampliação do uso do transporte particular e a imobilidade do trânsito.
Em dezembro de 2002 , um litro de gasolina custava  R$ 2,25.
Um salário mínimo, portanto, comprava 89 litros de gasolina.
Hoje, um salário mínimo, de R$ 724 reais, levando o preço médio da gasolina a R$ 3,  compra 241 litros de gasolina.

Dá para entender porque o trânsito não anda?
Mas a falta de comunicação faz a gasolina estar “cara” e o trânsito engarrafado por culpa do governo.
Quando um governo explica o que faz, o povo entende.
Quando não explica e deixa que a mídia o faça, que não espere ser entendido.
Pagará, então, o preço.
Bem mais caro que o da gasolina, aliás.

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CAMOCIM INFORMADOS
A Petrobras anunciou aumento de 3% do valor da gasolina. A inflação é de 6,5% e o último aumento foi em novembro do ano passado. 

O reajuste veio bem abaixo da expectativa do famoso mercado, que aguardava ansioso um "tarifaço" como prometido pelos candidatos de oposição, que em "atualização das tarifas controladas", pra coisa soar mais suave.
Pode apostar que hoje as ações da Petrobras vão cair na Bolsa de Valores.

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