Para desmascarar uma quadrilha que
atuava há pelo menos uma década da prefeitura de São Paulo foi suficiente uma
equipe de meia dúzia de pessoas e a vontade política do prefeito Fernando
Haddad.
Haddad trouxe de Brasilia o auditor
Mário Spinelli, lotado na CGU (Controladoria Geral da União). Foi firmado um
acordo com o governo federal que permitiu trazer cinco servidores da CGU e dois
da Receita Federal.
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As medidas tomadas, de tão simples e
óbvias, chamam a atenção do fato de jamais terem sido implementadas nas gestões
anteriores.
Há uma obrigação legal dos servidores
apresentarem sua declaração de bens. Só que elas eram entregues em envelopes, que
ficavam fechados devido à dificuldade de conferir os dados.
Criou-se, então, a obrigatoriedade dos
servidores entregarem a declaração eletronicamente. Montou-se um banco de dados
com as declarações de 160 mil servidores. Foram firmados acordos com outros
órgãos para cruzar os dados.
Em seguida, montou-se uma matriz de
risco, para identificar as áreas mais expostas a propinas A certeza de
impunidade era tanta que muitos dos corruptos não se preocupavam em ocultar
patrimônio ou coloca-los em nome de laranjas.
Na gestão do ex-prefeito Gilberto
Kassab, o Secovi (Sindicato da Habitação) encaminhou um relatório com denúncias
sobre os achaques sofridos pelo setor. Kassab encaminhou o dossiê justamente
para o chefe da máfia dos fiscais, Ronilson Bezerra Rodrigues – que, entre
outros feitos, foi responsável pelo vazamento do ISS de Antônio Palocci.
Não havia nenhuma forma de cercar um
golpe óbvio. A Secretaria das Finanças não tinha sequer o registro eletrônico
das notas fiscais das obras, sobre as quais incidiria o ISS.
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A segunda etapa das fiscalização
consistiu em buscar os “laranjas”. Para isso, foi importante a análise das
redes sociais. Através de um perfil do Facebook, por exemplo, chegou-se a um
servidor público que tinha uma pousada no Rio de Janeiro avaliada em R$ 6
milhões.
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Para tornar permanente o combate à
corrupção, o prefeito enviou projeto à Câmara dos Vereadores criando a figura
do auditor. O projeto empacou na Câmara e só saiu depois de denúncias
envolvendo um dos vereadores.
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Outra dificuldades foi o viés político
imprimido pelos jornais paulistanos ao tema, permitindo à quadrilha jogadas de
contrainformação.
Em muitas reportagens, os escândalos
revelados foram apresentados como se fossem da gestão atual – e não fruto das
suas investigações.
Também tentou-se incriminar um
secretário de confiança do prefeito, Antônio Donato, baseado exclusivamente em
declarações dos chefes da quadrilha. Nem se levou em conta o fato de Donato ter
participado de todas as etapas da investigação e a denúncia não vir acompanhada
de um elemento concreto sequer.
Outra “denúncia” armada pela quadrilha
consistiu em expor o próprio Spinelli, acusando-o de receber acima do teto da
Prefeitura e informando sobre sua vida pessoal, incluindo o clube que
frequenta. Não adiantou Spinelli informar o repórter que, sendo cedido pelo
CGU, seu parâmetro salarial era a própria CGU. A divulgação de dados pessoais,
além disso, expôs o auditor e a família a eventuais represálias da organização
criminosa.
Postado por Mario Lobato da Costa
CAMOCIM INFORMADOS
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